2 de novembro de 2012

TRAGÉDIA GREGA ABRIRÁ “ENCENA 2012”














“Teseu, Rei de Atenas, é um herói. Todos o admiram. Todos os glorificam. Aos olhos dos súbditos, é um monarca terrivelmente perfeito. E o príncipe herdeiro, o seu filho Hipólito, gostava de ser como ele. Forte. Audaz. Heróico. Corajoso. Mas tal desejo parece estar ainda bem longe de poder vir a realizar-se. É que se o príncipe fosse realmente corajoso e forte, o pai Teseu já o teria levado para as batalhas. Por outro lado, a realidade em que acredita é outra. Convenceu-se que os seus sentimentos são frágeis e proibidos... Anseia por sentimentos e prazeres que não se atreve a revelar. Deseja ardentemente tocar a pele da madrasta, Fedra, a mulher escolhida pelo seu coração…”

Em pleno fim-de-semana de São Martinho, o ENCENA 2012, festival promovido em parceria com o nosso município, vai “assentar arraiais” no Centro Cultural de Ansião. Assim, na próxima sexta-feira, dia 9, às 21 horas e 30 minutos, vamos assistir ao regresso da corte de Teseu, Rei de Atenas, situação espácio temporal destinada a acolher “A Ira dos Deuses”, de Casimiro Simões, a mais recente peça do anfitrião Teatro Olimpo, estreada em fevereiro do corrente ano, espetáculo que iniciará o certame também participado por outros três grupos, oriundos de Pombal, Moura e Proença-A-Nova.
Apesar de ter sido escrita por um dramaturgo da atualidade, “A Ira dos Deuses” estrutura-se de forma similar a uma tragédia grega, um formato que, na ótica dos grandes pensadores teatrais, tem vindo a ser considerado como “o mais nobre dos géneros dramáticos”.
As personagens da tragédia grega são normalmente deuses, semideuses e heróis lendários. O traço característico do protagonista é o descomedimento, o desafio arrogante (hybris) aos deuses, ao destino, ou simplesmente às autoridades estabelecidas, atitude esta geralmente contrastada com as reflexões moderadas de um coro, que assim se torna o índice da sensata mediania humana.
A tragédia grega destina-se a operar uma purificação (cathársis) das tendências imorais de cada espetador, exibindo a consequência horrível (o páthos) de um descomedimento, incitando ao terror religioso e à compaixão. A tensão afetiva criada pela ação recíproca do repto heróico e das suas consequências patéticas, vai sempre em crescendo (clímax) até à “peripécia”, ou súbita evolução no enredo, que muitas vezes resulta do reconhecimento (anagnórise) de uma relação proibida entre as personagens.
No fim de contas, a estética da tragédia grega está em íntima relação com o seu próprio princípio ético, segundo o qual a virtude consiste em saber evitar os extremos e excessos.


NA RESTANTE PROGRAMAÇÃO DO “ENCENA 2012”, NÃO PERCAM:

Dia 10 de novembro, às 15,30 horas
“Ulisses”, pelo TAP (de Pombal)
GÉNERO: infanto-juvenil
SINOPSE: Apesar de todas as adversidades que sempre surgem no seu caminho, o herói Ulisses nunca desiste do seu objetivo: Penélope, a sua amada esposa. A sua determinação, o seu pensamento rápido e a sua coragem cativam-nos, inspiram-nos, fazendo-nos rir com a sua sagacidade e temer quando corre perigo. Mais de dezena e meia de personagens, convida os mais novos a partir à aventura do e pelo teatro. Até lá, Penélope continuará a tecer a sua manta de dia, para a desfazer de noite…
Encenação de Catarina Ribeiro e Humberto Pinto, a partir da “Odisseia”, de Homero

Dia 10 de novembro, às 21,30 horas
“Foi Milagre do Santinho”, pelo Grupo da Moura Encantada (de Moura)
GÉNERO: comédia
SINOPSE: O enredo gira em torno de um sacristão que vive desiludido com a pacatez da sua igreja e da pequena vila do interior onde reside. Entretanto como existe a profecia de que, um dia, a igrejinha local será um polo de prosperidade e orgulho para todos os fiéis, o sacristão forja um milagre fantástico, logrando dessa forma provocar peregrinações em massa ao seu templo, cativando multidões que trazem consigo o progresso tão desejado…
Texto e encenação de Romão Janeiro

Dia 11 de novembro, às 15,30 horas
“Cascata de Emoções”, pela Companhia Montes da Senhora (de Proença-A-Nova)
GÉNERO: revista
SINOPSE: Um espetáculo composto por pequenos quadros cómicos, dramáticos e musicais, recorrendo a música popular, matrafonas, “stand up”, mímica, dança, abarcando todas as artes de palco que se possam imaginar…
Texto e encenação de Daniel Alves