“Teseu, Rei de
Atenas, é um herói. Todos o admiram. Todos os glorificam. Aos olhos dos
súbditos, é um monarca terrivelmente perfeito. E o príncipe herdeiro, o seu
filho Hipólito, gostava de ser como ele. Forte. Audaz. Heróico. Corajoso. Mas
tal desejo parece estar ainda bem longe de poder vir a realizar-se. É que se o
príncipe fosse realmente corajoso e forte, o pai Teseu já o teria levado para
as batalhas. Por outro lado, a realidade em que acredita é outra. Convenceu-se
que os seus sentimentos são frágeis e proibidos... Anseia por sentimentos e
prazeres que não se atreve a revelar. Deseja ardentemente tocar a pele da madrasta,
Fedra, a mulher escolhida pelo seu coração…”
Em pleno fim-de-semana de São Martinho, o ENCENA 2012, festival
promovido em parceria com o nosso município, vai “assentar arraiais” no Centro
Cultural de Ansião. Assim, na próxima sexta-feira, dia 9, às 21 horas e 30
minutos, vamos assistir ao regresso da corte de Teseu, Rei de Atenas, situação
espácio temporal destinada a acolher “A Ira dos Deuses”, de Casimiro Simões, a
mais recente peça do anfitrião Teatro Olimpo, estreada em fevereiro do corrente
ano, espetáculo que iniciará o certame também participado por outros três
grupos, oriundos de Pombal, Moura e Proença-A-Nova.
Apesar de ter sido escrita por um dramaturgo da
atualidade, “A Ira dos Deuses” estrutura-se de forma similar a uma tragédia
grega, um formato que, na ótica dos grandes pensadores teatrais, tem vindo a
ser considerado como “o mais nobre dos géneros dramáticos”.
As personagens da tragédia grega são normalmente deuses,
semideuses e heróis lendários. O traço característico do protagonista é o
descomedimento, o desafio arrogante (hybris) aos deuses, ao destino, ou
simplesmente às autoridades estabelecidas, atitude esta geralmente contrastada
com as reflexões moderadas de um coro, que assim se torna o índice da sensata
mediania humana.
A tragédia grega destina-se a operar uma purificação
(cathársis) das tendências imorais de cada espetador, exibindo a consequência
horrível (o páthos) de um descomedimento, incitando ao terror religioso e à
compaixão. A tensão afetiva criada pela ação recíproca do repto heróico e das
suas consequências patéticas, vai sempre em crescendo (clímax) até à “peripécia”,
ou súbita evolução no enredo, que muitas vezes resulta do reconhecimento
(anagnórise) de uma relação proibida entre as personagens.
No fim de contas, a estética da tragédia grega está em
íntima relação com o seu próprio princípio ético, segundo o qual a virtude
consiste em saber evitar os extremos e excessos.
NA RESTANTE
PROGRAMAÇÃO DO “ENCENA 2012” ,
NÃO PERCAM:
Dia 10 de novembro,
às 15,30 horas
“Ulisses”, pelo TAP
(de Pombal)
GÉNERO: infanto-juvenil
SINOPSE: Apesar de todas as adversidades que sempre
surgem no seu caminho, o herói Ulisses nunca desiste do seu objetivo: Penélope,
a sua amada esposa. A sua determinação, o seu pensamento rápido e a sua coragem
cativam-nos, inspiram-nos, fazendo-nos rir com a sua sagacidade e temer quando
corre perigo. Mais de dezena e meia de personagens, convida os mais novos a
partir à aventura do e pelo teatro. Até lá, Penélope continuará a tecer a sua
manta de dia, para a desfazer de noite…
Encenação de Catarina Ribeiro e Humberto Pinto, a partir
da “Odisseia”, de Homero
Dia 10 de novembro,
às 21,30 horas
“Foi Milagre do
Santinho”, pelo Grupo da Moura Encantada (de Moura)
GÉNERO: comédia
SINOPSE: O enredo gira em torno de um sacristão que vive
desiludido com a pacatez da sua igreja e da pequena vila do interior onde
reside. Entretanto como existe a profecia de que, um dia, a igrejinha local
será um polo de prosperidade e orgulho para todos os fiéis, o sacristão forja
um milagre fantástico, logrando dessa forma provocar peregrinações em massa ao
seu templo, cativando multidões que trazem consigo o progresso tão desejado…
Texto e encenação de Romão Janeiro
Dia 11 de novembro,
às 15,30 horas
“Cascata de
Emoções”, pela Companhia Montes da Senhora (de Proença-A-Nova)
GÉNERO: revista
SINOPSE: Um espetáculo composto por pequenos quadros
cómicos, dramáticos e musicais, recorrendo a música popular, matrafonas, “stand
up”, mímica, dança, abarcando todas as artes de palco que se possam imaginar…
Texto e encenação de Daniel Alves